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Quazar - Aumnus Primus -

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Mensagem por Bahamute Qui Jan 07 2010, 23:48

Esse conto possui mais de 10 capitulos (ele não está concluido) e conta a história de Quazar, velho conhecido da maioria dos membros desse forum.


(conto originalmente escrito em 29 de Agosto de 2008)
Quazar
Santa Evangelina, 23 de servinia 1.384

Em um vilarejo nas províncias de Eurôma Central, um homem nasceu.
Filho do nobre senhor da vila, ele freqüentou as melhores escolas e teve uma educação digna de um rei.

Sérpico, regente de Estadia dos Anjos, a vila em questão, era um homem de bom coração, servia os propósitos do rei Lucas Lanshville III com excelência, e sempre foi visto pelo rei com bons olhos.

Ele foi casado com Amanda Skayring durante 12 anos, e foi graças a ela e seu amor infindável que ele foi agraciado com a benção de ser pai da criança. A mais linda e radiante que ele já vira em toda sua vida.

Quando Quazar nasceu, Sérpico e Amanda o batizaram instantaneamente, e, por um acaso do destino, os dois, que não tinham discutido o nome do bebe até o dia de seu nascimento, disseram em uníssono o nome que queriam para ele.

Foi espantoso e curioso, mas pareceu que o destino conspirou para que ele recebesse tal nome.

Sérpico Sorcerermage disse que ele seria o orgulho de sua nação.

E aos dez anos de idade, Quazar já era exemplo.

Sempre foi muito atento aos estudos, já lia e escrevia em 10 línguas, todas as que eram conhecidas em Eurôma, nas quatro imediações cardeais.

Ele dominou também as artes da matemática, sendo um eximo contador e calculador, e se não bastasse isso, mostrou se um ótimo conhecedor da geografia política, tendo decorado os nomes de todos os regentes, seus costumes e as principais leis, da Eurôma do Sul, a Eurôma do Norte, e passando pela Eurôma do Leste e Oeste.

Sérpico e Amanda eram pais orgulhosos.

Quazar teve uma infância cheia. Tinha tempo para brincar com seus caros brinquedos, mas ele sempre preferiu a companhia de um livro e um bloco de notas, do que os soldadinhos de chumbo em miniatura. Ele nasceu com uma mente brilhante e privilegiada.

E bem verdade, aos 12 anos, ele já lecionava na Academia Real. Era dentre todos, o mais jovem filosofo, o mais jovem professor e o mais brilhante pensador.

Ele era um aristocrata de encher os olhos.

Vestia-se muito bem, encomendava suas roupas direto do alfaiate real, e até mesmo a majestade parecia um tanto mal vestida na presença do garoto.

Quazar completou quatorze anos, e o Rei Lucas Lanshville III, lhe presenteou com uma biblioteca quase infindável, dona de mais de trinta mil tomos diferentes e, segundo as palavras do próprio rei, com livros até mesmo de outros mundos, aqueles que estão além do oceano e que somente alguns poucos navegantes tiveram o privilegio de conhecer e de trazer tais relíquias.

Quazar ficou sem palavras, e aquele seu aniversário foi sem duvidas o mais feliz de sua vida.

Amanda comentou que Quazar ficou dentro da biblioteca por três dias diretos, saindo de lá apenas para se alimentar, ir ao banheiro e dormir. Ele lera nesses três dias mais de dez tomos. Cada um abordando um tema diferente. E para ele, aquilo era um dos maiores prazeres da vida.

Saboreava cada palavra, contemplava cada livro, e absorvia todas as informações passadas.

Presente melhor ele não poderia ter recebido. Sentia uma satisfação pessoal por ser dono de tal lugar, e aquilo parecia a realização de toda uma vida.

Quazar parou de trabalhar na Academia, dedicou todo seu tempo a ler os tomos de tal biblioteca e tornou-se muito recluso.

Quase perto de completar quinze anos, Quazar encontrou um livro diferente dos demais. Era um dos tomos trazidos dos mundos além-mar, e vinha escrito em um idioma diferente, que ele nunca tinha conhecido.

O tomo possuía uma capa negra de couro, com escritos dourados, onde podia-se ler:

Aumnus Primus

Quazar ainda pesquisou outros tomos, para ver se encontrava algo sobre tal livro, ou como traduzir tal língua. Exausto em uma busca infrutífera, ele voltou para o tomo de capa negra, e passou a ler suas paginas com atenção, na esperança de entender o que o curioso livro dizia.

O tomo era carregado de palavras compridas, e num intervalo de 3 paginas, sempre trazia uma gravura.

Eram imagens de florestas, cavernas, das estrelas e de centros urbanos.

Tinha criaturas estranhas, alguns monstros e seres mitológicos, que Quazar pensou só existir nas historias que seus pais contavam.

Ele folheou as três mil paginas do livro, olhou todas as mil gravuras, e depois voltou para a primeira pagina, lendo uma a uma, mesmo sem entender, apenas saboreando as palavras.

Fez isso durante todo o dia e noite, e quando estava por volta da metade do livro, o sono o venceu, e fez com que Quazar desabasse sobre a escrivaninha.

Quazar acordou na manhã seguinte, exausto. Parecia que ele tinha corrido por toda uma semana, escalado montanhas e atravessado correntezas perigosas a nado. Ele nunca se sentiu tão cansado. Até seus olhos estavam pesados e ele mal mantinha as pálpebras abertas.

E foi por um pequeno espaço aberto das pálpebras, que ele viu o sol. Demorou em atinar o que estava acontecendo, e se deu conta que estava fora da biblioteca, num campo aberto, onde o sol iluminava seu rosto.

Mas o cansaço o venceu novamente, e mais uma vez Quazar caiu no sono.

Quando ele acordou, já era noite, e ainda muito cansado, viu um céu estrelado e uma gigantesca lua pálida. Duas vezes maior do que a lua que ele estava acostumado a ver todas as noites, e dez vezes mais luminosa.

Assustado, só pensava no que pudesse ter acontecido. E com sua cabeça ainda zunindo e seu corpo ainda debilitado, ele se pôs em pé e olhou a sua volta.

Somente arvores, grama, e algumas pedras. Ele estava no meio de uma clareira, em meio a uma floresta. Não conseguiu entender o que viera a acontecer, mas soube de imediato que não estava mais em sua vila.

Mil perguntas povoaram sua mente. Tinha ele sido seqüestrado durante o sono?

Talvez tinham-lhe pregado uma peça, colocando o pra dormir ao relento?

Quazar sabia que não. Seu corpo cansado era prova disso, e ele pensou ser vitima do sonambulismo, e talvez, durante o sono, o jovem aristocrata tivesse andado até aqui.

Sua mãe deveria estar preocupada, e seu pai também.

Ele ficou sentado, encostado na mesma pedra em que acordara, e resolveu descansar até seu corpo voltar a lhe obedecer por completo.

A noite passou, e o sonolento Quazar mais uma vez dormiu, ele não queria dormir ali por temer possíveis perigos, mas seu corpo estava ligando e desligando sozinho, sem que o jovem pudesse fazer algo ou tomar alguma decisão.

Mais uma manhã chegou, e ainda cansado, porém mais disposto, Quazar acordou.

Quando abriu seus olhos, a primeira coisa que viu foi uma gazela, parada bem diante dele.

O animal se assustou quando o jovem se pôs em pé, e tratou de correr dali.

As roupas de Quazar ainda estavam extremamente limpas e conservadas, e ele logo descartou a possibilidade do sonambulismo, pois, se ele tivesse andando até ali, algum vestígio teria sido deixado em suas vestes.

Quazar caminhou durante varias horas, ainda cansado, sem saber o porque, ele procurou por sua vila, ou qualquer reino nas imediações.

Sem sucesso, ao final da tarde o jovem já estava ficando estressado. Ele era lúcido e estudado, e não se abatia tão facilmente, outro em seu lugar já estaria desesperado, tentando entender o que aconteceu. Não Quazar. Ele se mantinha calmo e racional, e procurava apenas reconhecer o local, se ele estava integro, já era suficiente. Sua única preocupação era talvez no estresse emocional que seu pai e sua mãe obviamente estavam passando, devido ao sumiço de seu único filho.

A noite mais uma vez caiu, e aquela estranha e gigantesca lua mais uma vez apareceu. Como raios o astro pôde ter crescido tanto? Será que ele tinha viajado pelos cosmos e vindo parar em outro mundo?

Essa foi uma das possibilidades que ele considerou. O jovem era estudado, inteligente e sabia que era possível existir outros mundos, outros planos de existência. Mesmo seu mundo natal não tendo crenças em divindades ou religiões, Quazar lera em um de seus muitos tomos, que existiam locais e pessoas que acreditavam em entidades superiores, que deram origem a criação de tudo.

Era algo que realmente fazia sentido pois, antes do mundo existir, quem existia? Tinha de haver algo para dar início, o gatilho inicial, o primeiro empurrão. Era obvio. Nada nascia do acaso. Tudo tem de ter um inicio, é um ciclo vicioso que faz a roda do destino girar. E antes desse gatilho que criara tudo, também existia algo ou alguém que o criou, e o criador disso também foi fruto de algo, e assim por diante. A criação é infinita. Assim como criamos livros, mundos e historias para contarmos aos nossos filhos e netos, alguém criou nosso mundo, e esse alguém foi criado por outrem, que fora criado por alguém.

A roda não para de girar.

Mais de sete dias se passaram, Quazar, já com quinze anos, continuava a procurar por pessoas, cidades ou vilas. Mas parecia que ele estava sozinho.

As únicas criaturas vivas que ele encontrara além da flora, eram algumas ariscas gazelas, e tímidas corujas que o observavam durante a noite.

Cada dia que passava se tornava mais estranho que o outro.

Foi quando Quazar acordou em uma manhã fria, em que neve caía do céu. Seu manto o protegia do frio, mas ele sabia que aquilo não seria o suficiente quando o mesmo se abrandasse, e ele passou a procurar por abrigo.

Até então Quazar sobreviveu comendo apenas frutas, que ele encontrara em algumas arvores, e bebendo da água de um rio que ele estava seguindo.

Mas o jovem sabia que precisaria de carne para passar o inverno. E já sem esperança de encontrar sua vila, ele passou a trabalhar em algumas armas para caçar uma das gazelas que ali viviam em abundância.

Com uma lança feita do galho de uma arvore, e afiada com a ajuda de pedras, ele esgueirou-se atrás de uma arvore, e fitou o animal que buscava por comida debaixo da neve.

Quazar abatera a presa e pensara já estar garantido para passar o inverno.

Como não tinha encontrado nenhuma caverna em todos os dias que estivera no local, ele sabia que teria de improvisar o abrigo. Já estava seguro que ali não existiam animais perigosos, e ursos hibernantes não seriam problemas para ele. Resolveu ficar abaixo de uma pequena arvore que ele encontrara e passou a procurar por algo para fazer a forração.

Seus olhos encheram de lagrimas, com uma felicidade parecida com a que ele contemplou quando ganhara a biblioteca, quando ele avistou inúmeras bananeiras, do outro lado do rio.

Quazar despiu-se, atravessou o rio, e trouxe, além de bananas, folhas da bananeira, que seriam úteis para criar um forro.

Muitas horas de trabalho, e o resultado de uma vida de estudos, inclusive de arquitetura moderna e arcaica, fez o jovem criar uma pequena cabana, com folhas de bananeira, galhos, e cipós. Não era o lugar mais aconchegante do mundo, mas iria lhe proteger do frio durante o inverno.

Ele caçou mais três gazelas, afiou algumas pedras, e usou-as para cortar os animais. Retirou suas peles, para usá-las como agasalho durante o frio, e fatiou sua carne em filés. Fez fogo, usando as pedras que continha no local, e usou finos galhos e gravetos como combustível.

A vantagem de ser tão estudado era esta. Quazar tinha na teoria tudo o que precisava para sobreviver, e sabia como usar do ambiente a sua volta para isso.

O inverno foi rigoroso. Perdurou por quarenta dias. A carne que Quazar estocara abaixo da neve para não estragar acabou por volta da metade desse tempo, e ele sobreviveu os outros vinte dias a base de bananas.

Quazar notou que durante o inverno, as bananeiras além rio morreram, e a sorte do jovem fora ter colhido as frutas em questão antes desse fatídico evento.

Ele também fez com que a fogueira nunca se apagasse, pois mesmo com as peles dos animais, se o fogo se extinguisse, seria o fim do jovem.

Quando o frio passou, a neve derreteu, e o sol voltou a raiar, Quazar voltou a sua busca por civilização.

E foi no terceiro dia de viajem, que ele se deparou com um estranho monumento.

Eram sete dedos, feitos de pedra, e com alturas idênticas, beirando os 4m. Eles apontavam para o céu, e seu design era perfeito.

Somente uma mente inteligente poderia arquitetar e esculpir tal monumento. E Quazar se encheu de esperança. Pensou que estaria próximo de um reino. E correu para o centro de tal escultura.

Os dedos estavam dispostos em um circulo, espaçados mais ou menos dois metros um do outro, e no solo no centro dos dedos, um piso de ardósia podia ser notado.

Porém, o que mais espantou Quazar foi o que se revelará no centro de tal monumento.

Flutuando, em meio a uma esfera de energia transparente, havia um tomo de capa preta.

Ao se aproximar, Quazar pode ler na capa Aumnus Primus, e uma estranha sensação de desespero, algo que ele pouco tinha provado, lhe preencheu instantaneamente.

Ele enfiou a mão dentro do globo de energia, sentiu que ele era quente por dentro, e apanhou o livro.

Era o mesmo livro que ele lera em sua biblioteca, no momento anterior do jovem ser trazido a tal local.

O livro estava intacto, parecia até mais conservado do que antes, e Quazar estava pasmo. Assustado e provando de sentimentos como angustia, medo, desespero e urgência. Coisas que ele nunca tinha sentido, ou, se sentira, sempre minimizara devido a sua inteligência. Mas não dessa vez. O jovem sentia que algo não estava certo, e que sua realidade estava para desabar.

Aquele, dentre todos os dias que passou desde que chegara aqui, foi sem duvidas o mais estranho e apavorante.
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